Desde a sua origem a Coroa de Advento possui um sentido especificamente religioso e cristão: anunciar a chegada do Natal sobre tudo às crianças, preparar-se para a celebração do Santo Natal, suscitar a oração em comum, mostrar que Jesus Cristo é a verdadeira luz, o Deus da Vida que nasce para a vida do mundo. O lugar mais natural para o seu uso é família.
Além da coroa como tal com as velas, é uso antigo pendurar uma coroa (guirlanda), neste caso sem velas, na porta da casa. Em geral laços vermelhos substituem as velas indicando os quatro pontos cardeais. Entrou também nas Igrejas em formas e lugares diferentes, em geral junto ao ambão.
Cada domingo do Advento se acende uma vela. Hoje está presente em escolas, hotéis, casas de comércio, nas ruas e nas praças. Tornou-se mesmo enfeite natalino. Já não se pode pensar em tempo de Advento sem a coroa com suas quatro velas.
Simbolismo da Coroa de Advento
Pelo fato de se tratar de uma linguagem simbólica, a Coroa de Advento e seus elementos podem ser interpretados de diversas formas. Desde a sua origem ela possui um forte apelo de compromisso social, de promoção das pessoas pobres e marginalizadas. Trata-se de acolher e cuidar da vida onde quer que ela esteja ameaçada.
Podemos dizer que a Coroa de Advento constitui um hino à natureza que se renova, à luz que vence as trevas, um hino a Cristo, a verdadeira luz, que vem para vencer as trevas do mal e da morte. É, sobretudo, um hino à vida que brota da verdadeira Vida.
A mensagem da Coroa de Advento é percebida a partir do simbolismo de cada um de seus elementos.
O Círculo
A coroa tem a forma de círculo, símbolo da eternidade, da unidade, do tempo que não tem início nem fim, de Cristo, Senhor do tempo e da história.
O círculo indica o sol no seu ciclo anual, sua plenitude sem jamais se esgotar, gerando a vida. Para os cristãos este sol é símbolo de Cristo.
Desde a Antigüidade, a coroa é símbolo de vitória e do prêmio pela vitória. Lembremos a coroa de louros, a coroa de ramos de oliveira, com a qual são coroados os atletas vitoriosos nos jogos olímpicos.
Os ramos
Os ramos verdes que enfeitam o círculo costumam ser de abeto ou de pinus, de ciprestes. É símbolo nórdico. Não perdem as folhas no inverno. É, pois, sinal de persistência, de esperança, de imortalidade, de vitória sobre a morte.
Para nós no Brasil este elemento é um tanto artificial e, por isso, problemático, menos significativo, visto que celebramos o Natal no início do verão e com isso não vivenciamos esta mudança da renovação da natureza. Por isso, a tendência de se substituir o verde por outros elementos ornamentais do círculo: frutos da terra, sementes, flores, raízes, nozes, espigas de trigo.
Para ornar a coroa usam-se também laços de fitas vermelhas ou rosas, símbolo do amor de Jesus Cristo que se torna homem, símbolo da sua vitória sobre a morte através da sua entrega por amor. Deste modo, nas guirlandas penduradas nas portas das casas, os laços ocupam o lugar das velas. Lembram os pontos cardeais, a cruz de Cristo, que irradia a luz da salvação ao mundo inteiro.
As velas
As quatro velas indicam as quatro semanas do Tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação preparando a vinda do Salvador, os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, o Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas. O ato de acender gradativamente as velas significa a progressiva aproximação do Nascimento de Jesus, a progressiva vitória da luz sobre as trevas. Originariamente, a velas eram três de cor roxa e uma de cor rosa, as cores dos domingos do Advento. O roxo, para indicar a penitência, a conversão a Deus e o rosa como sinal de alegria pelo próximo nascimento de Jesus, usada no 3º domingo do Advento, chamado de Domingo “Gaudete” (Alegrai-vos).
Existem diferentes tradições sobre os significados das velas.
Uma bastante difundida:
- a primeira vela é do profeta;
- a segunda vela é de Belém;
- a terceira vela é dos pastores;
- a quarta vela é dos anjos.
Outra tradição vê nas quatro velas as grandes fases da História da Salvação até a chegada de Cristo.
Assim:
- a primeira é a vela do perdão concedido a Adão e Eva, que de mortais se tornarão seres viventes em Deus;
- a segunda é a vela da fé dos patriarcas que crêem na promessa da Terra Prometida;
- a terceira é a vela da alegria de Davi pela sua descendência;
- a quarta é a vela do ensinamento dos profetas que anunciam a justiça e a paz.
Nesta perspectiva podemos ver nas quatro velas as vindas ou visitas de Deus na história, preparando sua visita ou vinda definitiva no seu Filho Encarnado, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:
- o tempo da criação: de Adão e Eva até Noé;
- o tempo dos patriarcas;
- o tempo dos reis;
- o tempo dos profetas.
Papa pede a jovens que levem a sério seu desejo de felicidade
Ao finalizar a Missa na esplanada da Via Melnik
Por Patricia Navas
STARÁ BOLESLAV, segunda-feira, 28 de setembro de 2009 (ZENIT.org).-
Bento XVI pediu aos jovens que levem a sério a aspiração à felicidade que existe neles e que não deixem que ela seja utilizada pela sociedade de consumo.
Ele o fez nesta segunda-feira, na esplanada da Via Melnik, da cidade de Stará Boleslav, onde teve um encontro com a juventude após a Missa da festa de São Venceslau, padroeiro da nação tcheca.
"Queridos amigos, não é difícil constatar que em todo jovem há uma aspiração à felicidade, talvez misturada com um sentimento de inquietude; uma aspiração que, no entanto, frequentemente a sociedade de consumo atual aproveita de forma falsa e alienante", disse-lhes.
E acrescentou: "É necessário, no entanto, valorizar seriamente o desejo de felicidade, que exige uma resposta verdadeira".
Escutava-o um grande número de jovens vindos de diversos pontos da República Tcheca e também de outros países próximos, como a Eslováquia, Alemanha e Polônia.
Muitos deles haviam peregrinado até a esplanada desta cidade, lugar do martírio de São Venceslau, e haviam dormido perto dela, em barracas montadas na tarde anterior.
Em nome deles, um jovem transmitiu ao Santo Padre sua vontade de transformar a doutrina em ação e lhe deu um livro de fotos com atividades das dioceses, além de uma doação para os jovens africanos.
Bento XVI agradeceu suas palavras, seus presentes e sua presença que - disse - "me faz sentir o entusiasmo e a generosidade que são próprios da juventude".
"Convosco, o Papa se sente jovem!", exclamou.
O Santo Padre lhes propôs o exemplo de Santo Agostinho, que "descobriu que só Jesus Cristo é a resposta satisfatória ao desejo, seu e de cada homem, de uma vida feliz, repleta de significado e de valor".
"Na vossa idade, de fato, realizam-se as primeiras grandes escolhas, capazes de orientar a vida ao bem ou ao mal", indicou.
E prosseguiu: "Infelizmente, não são poucos vossos coetâneos que se deixam atrair por miragens de paraísos artificiais, para encontrar-se depois em uma triste solidão".
Ao mesmo tempo, quis destacar que "existem também, no entanto, muitos jovens que querem transformar a doutrina em ação, como disse vosso porta-voz, para dar um sentido pleno às suas vidas".
O Santo Padre assegurou aos jovens: "O Senhor vai ao encontro de cada um de vós; bate à porta da vossa liberdade e pede para ser acolhido como amigo".
"Ele vos quer felizes, quer vos encher de humanidade e de dignidade - acrescentou. A fé cristã é isto: o encontro com Cristo, Pessoa viva que dá à vida um novo horizonte e, com isso, a direção decisiva."
"E quando o coração de um jovem se abre aos desígnios divinos, não lhe é muito difícil reconhecê-lo e seguir sua voz", destacou.
Também abordou a questão da vocação, afirmando que Deus "chama muitos de vós ao matrimônio e a preparação para este sacramento constitui um verdadeiro caminho vocacional".
E continuou: "Considerai, portanto, seriamente o chamado divino a construir uma família cristã; e que vossa juventude seja o tempo de construir vosso futuro com sentido e responsabilidade. A sociedade precisa de famílias cristãs, famílias santas!".
Logo depois, afirmou: "Se depois o Senhor vos chamar a segui-lo no sacerdócio ministerial ou na vida consagrada, não hesiteis em responder ao seu convite".
"Em particular, neste Ano Sacerdotal, faço-vos um convite, jovens: estai atentos e disponíveis ao chamado de Jesus a oferecer a vida ao serviço de Deus e do seu povo", pediu.
Após sublinhar que os jovens são a esperança da Igreja, Bento XVI lhes fez 4 pedidos:
"O Papa vos pede que vivais com alegria e entusiasmo vossa fé; que cresçais em unidade entre vós e com Cristo; que rezeis e sejais assíduos na prática dos sacramentos, em particular da Eucaristia e da Confissão; e que cuideis da vossa formação cristã, permanecendo sempre dóceis aos ensinamentos".
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL DE 2009
"As nações caminharão à sua luz" (Ap 21, 24)
Neste domingo dedicado às missões, me dirijo sobretudo a vós, Irmãos no ministério episcopal e sacerdotal, e também aos irmãos e irmãs do Povo de Deus, a fim de vos exortar a reavivar em si a consciência do mandato missionário de Cristo para que "todos os povos se tornem seus discípulos" (Mt 28,19), seguindo as pegadas de São Paulo, o Apóstolo dos Gentios. "As nações caminharão à sua luz" (Ap 21, 24). O objetivo da missão da Igreja é iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois Nele encontramos a sua plena realização. Devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos os povos, com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus. É nesta perspectiva que os discípulos de Cristo espalhados pelo mundo trabalham, se dedicam, gemem sob o peso dos sofrimentos e doam a vida. Reitero com veemência o que muitas vezes foi dito pelos meus Predecessores: a Igreja não age para ampliar o seu poder ou reforçar o seu domínio, mas para levar a todos Cristo, salvação do mundo. Pedimos somente de nos colocar a serviço da humanidade, sobretudo da daquela sofredora e marginalizada, porque acreditamos que "o compromisso de anunciar o Evangelho aos homens de nosso tempo... é sem dúvida alguma um serviço prestado à comunidade cristã, mas também a toda a humanidade"(Evangelii nuntiandi, 1), que "apesar de conhecer realizações maravilhosas, parece ter perdido o sentido último das coisas e de sua própria existência"(Redemptoris missio, 2). 1. Todos os Povos são chamados à salvação Na verdade, a humanidade inteira tem a vocação radical de voltar à sua origem, que é Deus, somente no Qual ela encontrará a sua plenitude por meio da restauração de todas as coisas em Cristo. A dispersão, a multiplicidade, o conflito, a inimizade serão repacificadasereconciliadas através do sangue da Cruz e reconduzidas à unidade. O novo início já começou com a ressurreição e a exaltação de Cristo, que atrai a si todas as coisas, as renova, as tornam participantes da eterna glória de Deus. O futuro da nova criação brilha já em nosso mundo e acende, mesmo se em meio a contradições e sofrimentos, a nossa esperança por uma vida nova. A missão da Igreja é "contagiar" de esperança todos os povos. Por isto, Cristo chama, justifica, santifica e envia os seus discípulos para anunciar o Reino de Deus, a fim de que todas as nações se tornem Povo de Deus. É somente nesta missão que se compreende e se confirma o verdadeiro caminho histórico da humanidade. A missão universal deve se tornar uma constante fundamental na vida da Igreja. Anunciar o Evangelho deve ser para nós, como já dizia o apóstolo Paulo, um compromisso impreterível e primário. 2. Igreja peregrina A Igreja Universal, sem confim e sem fronteiras, se sente responsável por anunciar o Evangelho a todos os povos (cfr. Evangelii nuntiandi, 53). Ela, germe de esperança por vocação, deve continuar o serviço de Cristo no mundo. A sua missão e o seu serviço não se limitam às necessidades materiais ou mesmo espirituais que se exaurem no âmbito da existência temporal, mas na salvação transcendente que se realiza no Reino de Deus. (cfr. Evangelii nuntiandi, 27). Este Reino, mesmo sendo em sua essência escatológico e não deste mundo (cfr. Jo 18,36), está também neste mundo e em sua história é força de justiça, paz, verdadeira liberdade e respeito pela dignidade de todo ser humano. A Igreja mira em transformar o mundo com a proclamação do Evangelho do amor, "que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir e... deste modo, fazer entrar a luz de Deus no mundo"(Deus caritas est, 39). Esta é a missão e o serviço que, também com esta Mensagem, chamo a participar todos os membros e instituições da Igreja. 3.Missio ad gentes A missão da Igreja é chamar todos os povos à salvação realizada por Deus em seu Filho encarnado. É necessário, portanto, renovar o compromisso de anunciar o Evangelho, fermento de liberdade e progresso, fraternidade, união e paz (cfr. Ad gentes, 8). Desejo "novamente confirmar que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja"(Evangelii nuntiandi, 14), tarefa e missão que as vastas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Está em questão a salvação eterna das pessoas, o fim e a plenitude da história humana e do universo. Animados e inspirados pelo Apóstolo dos Gentios, devemos estar conscientes de que Deus tem um povo numeroso em todas as cidades percorridas também pelos apóstolos de hoje (cfr. At 18, 10). De fato, "a promessa é em favor de todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar "(At 2,39). Toda a Igreja deve se empenhar na missio ad gentes, enquantoa soberania salvífica de Cristo não está plenamente realizada: "Agora, porém, ainda não vemos que tudo lhe esteja submisso"(Hb 2,8). 4. Chamados a evangelizar também por meio do martírio Neste dia dedicado às missões, recordo na oração aqueles que fizeram de suas vidas uma exclusiva consagração ao trabalho de evangelização. Menciono em particular as Igrejas locais, os missionários e missionárias que testemunham e propagam o Reino de Deus em situações de perseguição, com formas de opressão que vão desde a discriminação social até a prisão, a tortura e a morte. Não são poucos aqueles que atualmente são levados à morte por causa de seu "Nome". É ainda de grande atualidade o que escreveu o meu venerado Predecessor Papa João Paulo II: "A comemoração jubilar descerrou-nos um cenário surpreendente, mostrando o nosso tempo particularmente rico de testemunhas, que souberam, ora dum modo ora doutro, viver o Evangelho em situações de hostilidade e perseguição até darem muitas vezes a prova suprema do sangue"(Novo millennio ineunte, 41). A participação na missão de Cristo, de fato, destaca também a vida dos anunciadores do Evangelho, aos quais é reservado o mesmo destino de seu Mestre. "Lembrem-vos do que eu disse: nenhum empregado é maior do que seu patrão. Se perseguiram a mim, vão perseguir a vós também "(Jo 15,20). A Igreja se coloca no mesmo caminho e passa por tudo aquilo que Cristo passou, porque não age baseando-se numa lógica humana ou com a força, mas seguindo o caminho da Cruz e se fazendo, em obediência filial ao Pai, testemunha e companheira de viagem desta humanidade. Às Igrejas antigas como as de recente fundação, recordo que são colocadas pelo Senhor como sal da terra e luz do mundo, chamadas a irradiar Cristo, Luz do mundo, até os extremos confins da terra. A missio ad gentes deve ser a prioridade de seus planos pastorais. Agradeço e encorajo as Pontifícias Obras Missionárias pelo indispensável trabalho a serviço da animação, formação missionária e ajuda econômica às jovens Igrejas. Por meio destas instituições pontifícias, se realiza de forma admirável a comunhão entre as Igrejas, com a troca de dons, na solicitude recíproca e na comum projetualidademissionária. 5. Conclusão O impulso missionário sempre foi sinal de vitalidade de nossas Igrejas (cfr. Redemptoris missio,2). É preciso, todavia, reafirmar que a evangelização é obra do Espírito, e que antes mesmo de ser ação, é testemunho e irradiação da luz de Cristo (cfr. Redemptoris missio, 26) através da Igreja local, que envia os seus missionários e missionárias para além de suas fronteiras. Rogo a todos os católicos para que peçam ao Espírito Santo que aumente na Igreja a paixão pela missão de proclamar o Reino de Deus e ajudar os missionários, as missionárias e as comunidades cristãs empenhadas nesta missão, muitas vezes em ambientes hostis de perseguição. Ao mesmo tempo, convido todos a darem um sinal crível da comunhão entre as Igrejas, com uma ajuda econômica, especialmente neste período de crise que a humanidade está vivendo, a fim de colocar as jovens Igrejas em condições de iluminar as pessoas com o Evangelho da caridade. Nos guie em nossa ação missionária a Virgem Maria, Estrela da Evangelização, que deu ao mundo Cristo, luz das nações, para que leve a salvação "até aos extremos da terra"(At 13,47). A todos, a minha Bênção. Cidade do Vaticano, 29 de junho de 2009
Elena Guerra nasceu em Lucca (Itália), no dia 23 de Junho de 1835. Viveu e cresceu em um clima familiar profundamente religioso. Durante uma longa enfermidade, se dedica à meditação da Palavra de Deus e ao estudo dos Padres da Igreja, o que determina seu orientamento da vida interior e de seu apostolado; primeiro na Associação das Amigas Espirituais, idealizada por ela mesma para promover entre as jovens a amizade em seu sentido cristão, e depois nas Filhas de Maria.
Em Abril de 1870, Elena participa de uma peregrinação pascal em Roma juntamente com seu pai, Antônio. Entre outros momentos marcantes, a visita às Catacumbas dos Mártires confirmam nela o desejo pela vida consagrada. Em 24 de Abril, assiste na Basílica de São Pedro a terceira sessão conciliar do Vaticano I, na qual vinha aprovada a Constituição “Dei Filius” sobre a Fé. A visita ao Papa Pio IX a comove de tal maneira que depois de algumas semanas, já em Lucca, no dia 23 de Junho, faz a oferta de toda a sua vida pelo Papa.
No ano de 1871, depois de uma grande noite escura, seguida de graças místicas particulares, Elena com um grupo de Amigas Espirituais e Filhas de Maria, dá início a uma nova experiência de vida religiosa comunitária, que em 1882 culminará na fundação da Congregação das Irmãs de Santa Zita, dedicada a educação cultural e religiosa da juventude. É neste período que Santa Gemma Galgani se tornará “sua aluna predileta”.
Em 1886, Elena sente o primeiro apelo interior a trabalhar de alguma forma para divulgar a Devoção ao Espírito Santo na Igreja. Para isto, escreve secretamente muitas vezes ao Papa Leão XIII, exortando-o a convidar “os cristãos modernos” a redescobrirem a vida segundo o Espírito; e o Papa, amavelmente solicitado pela mística Luquese, dirige à toda Igreja alguns documentos, que são como uma introdução a vida segundo o Espírito e que podem ser considerados também como o início do “retorno ao Espírito Santo” dos tempos atuais: A breve “Provida Matris Charitate” de 1895; a Encíclica “Divinum Illud Munus” em 1897 e a carta aos bispos “Ad fovendum in christiano populo”, de 1902.
Em Outubro de 1897, Elena é recebida em audiência por Leão XIII, que a encoraja a prosseguir o apostolado pela causa do Espírito Santo e autoriza também a sua Congregação a mudar de nome, para melhor qualificar o carisma próprio na Igreja: Oblatas do Espírito Santo.
Para Elena, a exortação do Papa é uma ordem, e se dedica ainda com maior empenho à causa do Espírito Santo, aprofundando assim, para si e para os outros, o verdadeiro sentido do “retorno ao Espírito Santo”: Será este o mandato da sua Congregação ao mundo.
Elena, em suas meditações com a Palavra de Deus, é profundamente impressionada e comovida por tudo o que acontece no Cenáculo histórico da Igreja Nascente: Ali, Jesus se oferece como vítima a Deus para a salvação dos homens; ali institui o Sacramento de Amor, a Eucaristia; ali, aparece aos seus discípulos depois da ressurreição e ali, enfim, manda de junto do Pai o Espírito Santo sobre a Igreja Nascente.
A Igreja é chamada a realizar os Mistérios do Cenáculo, Mistérios permanentes, e, portanto, o Mistério Pascal: A Igreja é, por isto, prolongamento do Cenáculo, e, analogamente, é ela mesma como um Cenáculo Espiritual Permanente.
É neste Cenáculo do Mistério Pascal, no qual o Senhor Ressuscitado reúne a comunidade sacerdotal real e profética, que também nós, e cada fiél em particular, fomos inseridos pelo Espírito mediante o Batismo e a Crisma, e capacitados a participar da Eucaristia, que é uma assembléia de confirmados, e, portanto, semelhante a primeira comunidade do Cenáculo depois da descida do Espírito Santo. É nesta prospectiva que Elena Guerra concebe e inicia o “Cenáculo Universal” como movimento de oração ao Espírito Santo.
Elena morreu no dia 11 de Abril de 1914, sábado santo, com o grande desejo no coração de ver “os cristãos modernos” tomando consciência da presença e da ação do Espírito Santo em suas vidas, condição indispensável para um verdadeiro “renovamento da face da terra”.
Elevada à honra dos altares em 26 de Abril de 1959, justamente o Papa a definiu “Apóstola do Espírito Santo dos tempos modernos”, assim como Santa Maria Madalena foi a apóstola da Ressurreição e Santa Maria Margarida Alacoque a apóstola do Sagrado Coração.
O carisma profético de Elena é ainda atual, visto que a única necessidade da Igreja e do Mundo é a renovação contínua de um perene e “Novo Pentecostes” que por fim “renove a face da terra”. (Elena Guerra)
PAPA BENTO XVI CONVIDA A DEDICAR-SE MAIS À ORAÇÃO Pede uma “humilde e silenciosa” escuta da Palavra de Deus
CIDADE DO VATICANO, domingo, 31 de maio de 2009 (ZENIT.org).- Para que o Pentecostes não se reduza «a um simples rito», é necessário dedicar-se mais à escuta da Palavra de Deus, afirmou Bento XVI neste Domingo de Pentecostes.
Na homilia da Missa que presidiu na Basílica Vaticana, o Papa recordou que “entre todas as solenidades”, o Pentecostes se distingue por importância, porque nela se atualiza aquilo que Jesus mesmo anunciou ser o motivo de sua missão na terra”: “Vim para lançar fogo sobre a terra, e quanto queria que já estivesse aceso!” (Lc 12, 49).
Estas palavras, explicou o Papa, “encontram sua mais evidente realização cinquenta dias depois da ressurreição, em Pentecostes, antiga festa hebraica que na Igreja se torna a festa por excelência do Espírito Santo”
O Pontífice observou que “Deus quer continuar a doar este ‘fogo’ a cada geração humana, e naturalmente é livre para fazê-lo como e quando quer”, mas há “uma via normal que o próprio Deus escolheu”, e esta via é Jesus, seu Filho Unigênito Encarnado, morto e ressuscitado.
Jesus Cristo, por sua vez, “constituiu a Igreja qual seu Corpo místico, para que prolongue sua missão na história”.
Como construir a comunidade Na solenidade de Pentecostes, observou o Papa, a Escritura explica “como deve ser a comunidade, como devemos ser nós para receber o dom do Espírito Santo”.
Também salientou que os discípulos “se encontravam todos juntos no mesmo lugar”, isto é, o Cenáculo, “por assim dizer, a sede da Igreja nascente”, os Atos dos Apóstolos insistem na atitude interior dos discípulos: “Todos estes estavam perseverantes e unidos em oração” (At 1, 14).
A concórdia dos discípulos, comentou então o Pontífice, “é a condição para que venha o Espírito Santo; e pressuposto da concórdia é a oração”.
Estas sugestões, prosseguiu, valem também para a Igreja de hoje.
“Se queremos que o Pentecostes não se reduza a um simples rito ou a uma simples sugestiva comemoração, mas seja evento atual de salvação, devemos nos predispor em religiosa espera do dom de Deus mediante a humilde e silenciosa escuta de sua Palavra”.
“Para que o Pentecostes se renove em nosso tempo, necessita talvez – sem nada tirar da liberdade de Deus – que a Igreja seja menos ‘afobada’ pela atividade e mais dedicada à oração”
Tempestade, fogo e coragem Para que nos possamos dedicar mais à oração, é fundamental entregar-se ao Espírito, descrito pelos Atos dos Apóstolos como tempestade, fogo e força.
“O que é o ar para a vida biológica, é o Espírito Santo para a vida espiritual; e como existe uma poluição atmosférica, que envenena o ambiente e os seres vivos, assim existe uma poluição do coração e do espírito, que mata e envenena a existência espiritual”, declarou o Papa.
“Do mesmo modo em que se necessita dispersar os venenos do ar – e por isso o empenho ecológico representa hoje uma prioridade –, da mesma forma se deve fazer com aquilo que corrompe o espírito”.
Bento XVI ainda reconheceu que parece que “nos habituamos sem dificuldade” a tantos produtos poluentes da mente e do coração que circulam em nossa sociedade – por exemplo imagens que espetacularizam o prazer, a violência e o desprezo pelo homem e pela mulher.
O homem de hoje, reconheceu, “não quer mais ser imagem de Deus, mas de si mesmo; declara-se autônomo, livre, adulto”.
Este acontecimento “revela uma relação não autêntica com Deus, consequencia de uma falsa imagem que dEle foi construída, como o filho pródigo da parábola evangélica que crê realizar-se a si mesmo distanciando-se da casa do pai”.
Frente a isso, é ainda mais importante pregar o Espírito, que “vence o medo”.
“Sabemos como os discípulos estavam refugiados no Cenáculo depois da prisão de seu Mestre e estavam segregados por temor de sofrer sua mesma sorte – recordou o Papa –. Depois da ressurreição de Jesus este seu medo não desaparece de improviso. Mas eis que em Pentecostes, quando o Espírito Santo pousou sobre eles, aqueles homens foram para fora sem temor e começaram a anunciar a todos a boa notícia de Cristo crucificado e ressuscitado. Não tinham nenhum temor, porque se sentiam nas mãos do mais forte”.
“O Espírito de Deus, onde entra, tira o medo; faz-nos reconhecer e sentir que estamos nas mãos de uma Onipotência de amor: não importa o que aconteça, seu amor infinito não nos abandona”, confessou, adicionando como prova “o testemunho dos mártires, a coragem dos confessores da fé, o intrépido lançar-se dos missionários, a franqueza dos pregadores, o exemplo de todos os santos, alguns ainda adolescentes e crianças”.
“Demonstra-o a própria existência da Igreja que, malgrado os limites e os golpes dos homens, continua a atravessar o oceano da história, guiada pelo sopro de Deus e animada por seu fogo purificador”, concluiu.
Mensagem do Papa para o 43º Dia Mundial das Comunicações
Amados irmãos e irmãs,
Aproximando-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais, é com alegria que me dirijo a vós para expor-vos algumas de minhas reflexões sobre o tema escolhido para este ano: Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade. Com efeito, as novas tecnologias digitais estão a provocar mudanças fundamentais nos modelos de comunicação e nas relações humanas.
Estas mudanças são particularmente evidentes entre os jovens que cresceram em estreito contato com estas novas técnicas de comunicação e, consequentemente, sentem-se à vontade num mundo digital que, entretanto para nós, adultos que tivemos de aprender a compreender e apreciar as oportunidades por ele oferecidas à comunicação, muitas vezes parece estranho. Por isso, na mensagem deste ano, o meu pensamento dirige-se de modo particular a quem faz parte da chamada geração digital: com eles quero partilhar algumas ideias sobre o potencial extraordinário das novas tecnologias, quando usadas para favorecerem a compreensão e a solidariedade humana.
Estas tecnologias são um verdadeiro dom para a humanidade: por isso devemos fazer com que as vantagens que oferecem sejam postas ao serviço de todos os seres humanos e de todas as comunidades, sobretudo de quem está necessitado e é vulnerável.
A facilidade de acesso a telemóveis e computadores juntamente com o alcance global e a onipresença da internet criou uma multiplicidade de vias através das quais é possível enviar, instantaneamente, palavras e imagens aos cantos mais distantes e isolados do mundo: trata-se claramente duma possibilidade que era impensável para as gerações anteriores. De modo especial os jovens deram-se conta do enorme potencial que têm os novos «meios» para favorecer a ligação, a comunicação e a compreensão entre indivíduos e comunidade, e usa-nos para comunicar com os seus amigos, encontrar novos, criar comunidades e redes, procurar informações e notícias, partilhar as próprias ideias e opiniões.
Desta nova cultura da comunicação derivam muitos benefícios: as famílias podem permanecer em contacto apesar de separadas por enormes distâncias, os estudantes e os investigadores têm um acesso mais fácil e imediato aos documentos, às fontes e às descobertas científicas e podem, por conseguinte trabalhar em equipa a partir de lugares diversos; além disso, a natureza interativa dos novos «meios» facilita formas mais dinâmicas de aprendizagem e comunicação que contribuem para o progresso social.
Embora seja motivo de maravilha a velocidade com que as novas tecnologias evoluíram em termos de segurança e eficiência, não deveria surpreender-nos a sua popularidade entre os utentes porque elas respondem ao desejo fundamental que têm as pessoas de se relacionar umas com as outras. Este desejo de comunicação e amizade está radicado na nossa própria natureza de seres humanos, não se podendo compreender adequadamente só como resposta às inovações tecnológicas. À luz da mensagem bíblica, aquele deve antes ser lido como reflexo da nossa participação no amor comunicativo e unificante de Deus, que quer fazer da humanidade inteira uma única família. Quando sentimos a necessidade de nos aproximar das outras pessoas, quando queremos conhecê-las melhor e dar-nos a conhecer, estamos a responder à vocação de Deus - uma vocação que está gravada na nossa natureza de seres criados à imagem e semelhança de Deus, o Deus da comunicação e da comunhão.
O desejo de interligação e o instinto de comunicação, que se revelam tão naturais na cultura contemporânea, na verdade são apenas manifestações modernas daquela propensão fundamental e constante que têm os seres humanos para se ultrapassarem a si mesmos entrando em relação com os outros.
Na realidade, quando nos abrimos aos outros, damos satisfação às nossas carências mais profundas e tornamo-nos de forma mais plena humanos. De fato amar é aquilo para que fomos projetados pelo Criador. Naturalmente não falo de relações passageiras, superficiais; falo do verdadeiro amor, que constitui o centro da doutrina moral de Jesus: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças» e «amarás o teu próximo como a ti mesmo» (cf. Mc 12, 30-31). Refletindo, à luz disto, sobre o significado das novas tecnologias, é importante considerar não só a sua indubitável capacidade de favorecer o contacto entre as pessoas, mas também a qualidade dos conteúdos que aquelas são chamadas a pôr em circulação. Desejo encorajar todas as pessoas de boa vontade, ativa no mundo emergente da comunicação digital, a que se empenhem na promoção de uma cultura do respeito, do diálogo, da amizade.
Assim, aqueles que operam no setor da produção e difusão de conteúdos dos novos «meios» não podem deixar de sentir-se obrigados ao respeito da dignidade e do valor da pessoa humana. Se as novas tecnologias devem servir o bem dos indivíduos e da sociedade, então aqueles que as usam devem evitar a partilha de palavras e imagens degradantes para o ser humano e, consequentemente, excluir aquilo que alimenta o ódio e a intolerância, envilece a beleza e a intimidade da sexualidade humana, explora os débeis e os inermes.
As novas tecnologias abriram também a estrada para o diálogo entre pessoas de diferentes países, culturas e religiões. A nova arena digital, o chamado cyberspace, permite encontrar-se e conhecer os valores e as tradições alheias. Contudo, tais encontros, para ser fecundos, requerem formas honestas e corretas de expressão juntamente com uma escuta atenciosa e respeitadora. O diálogo deve estar radicado numa busca sincera e recíproca da verdade, para realizar a promoção do desenvolvimento na compreensão e na tolerância.
A vida não é uma mera sucessão de fatos e experiências: é antes a busca da verdade, do bem e do belo. É precisamente com tal finalidade que realizamos as nossas opções, exercitamos a nossa liberdade e nisso - isto é, na verdade, no bem e no belo - encontramos felicidade e alegria. É preciso não se deixar enganar por aqueles que andam simplesmente à procura de consumidores num mercado de possibilidades indiscriminadas, onde a escolha em si mesma se torna o bem, a novidade se contrabandeia por beleza, a experiência subjetiva sobrepõe-se à verdade.
O conceito de amizade logrou um renovado lançamento no vocabulário das redes sociais digitais que surgiram nos últimos anos. Este conceito é uma das conquistas mais nobres da cultura humana. Nas nossas amizades e através delas crescemos e desenvolvemo-nos como seres humanos. Por isso mesmo, desde sempre a verdadeira amizade foi considerada uma das maiores riquezas de que pode dispor o ser humano. Por este motivo, é preciso prestar atenção a não banalizar o conceito e a experiência da amizade. Seria triste se o nosso desejo de sustentar e desenvolver on-line as amizades fossem realizados à custa da nossa disponibilidade para a família, para os vizinhos e para aqueles que encontramos na realidade do dia a dia, no lugar de trabalho, na escola, nos tempos livres. De fato, quando o desejo de ligação virtual se torna obsessivo, a consequência é que a pessoa se isola, interrompendo a iteração social real. Isto acaba por perturbar também as formas de repouso, de silêncio e de reflexão necessárias para um sadio desenvolvimento humano.
A amizade é um grande bem humano, mas esvaziar-se-ia do seu valor, se fosse considerada fim em si mesma. Os amigos devem sustentar-se e encorajar-se reciprocamente no desenvolvimento dos seus dons e talentos e na sua colocação ao serviço da comunidade humana. Neste contexto, é gratificante ver a aparição de novas redes digitais que procuram promover a solidariedade humana, a paz e a justiça, os direitos humanos e o respeito pela vida e o bem da criação. Estas redes podem facilitar formas de cooperação entre povos de diversos contextos geográficos e culturais, consentindo-lhes de aprofundar a comum humanidade e o sentido de corresponsabilidade pelo bem de todos. Todavia devemo-nos preocupar por fazer com que o mundo digital, onde tais redes podem ser constituídas, seja um mundo verdadeiramente acessível a todos. Seria um grave dano para o futuro da humanidade, se os novos instrumentos da comunicação, que permitem partilhar saber e informações de maneira mais rápida e eficaz, não fossem tornados acessíveis àqueles que já são econômica e socialmente marginalizados ou se contribuíssem apenas para incrementar o desnível que separa os pobres das novas redes que se estão a desenvolver ao serviço da informação e da socialização humana.
Quero concluir esta mensagem dirigindo-me especialmente aos jovens católicos, para exortá-los a levarem para o mundo digital o testemunho da sua fé.
Caríssimos, senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida. Nos primeiros tempos da Igreja, os Apóstolos e os seus discípulos levaram a Boa Nova de Jesus ao mundo greco-romano: como então a evangelização, para ser frutuosa, requereu uma atenta compreensão da cultura e dos costumes daqueles povos pagãos com o intuito de tocar as suas mentes e corações, assim agora o anúncio de Cristo no mundo das novas tecnologias supõe um conhecimento profundo das mesmas para se chegar a uma sua conveniente utilização.
A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste «continente digital». Sabei assumir com entusiasmo o anúncio do Evangelho aos vossos conterrâneos!
Conheceis os seus medos e as suas esperanças, os seus entusiasmos e as suas desilusões: o dom mais precioso que lhes podeis oferecer é partilhar com eles a «boa nova» de um Deus que Se fez homem, sofreu, morreu e ressuscitou para salvar a humanidade.
O coração humano anseia por um mundo onde reine o amor, onde os dons sejam compartilhados, onde se construa a unidade, onde a liberdade encontre o seu significado na verdade e onde a identidade de cada um se realize numa respeitosa comunhão.
A estas expectativas pode dar resposta a fé: sede os seus arautos!
Sabei que o Papa vos acompanha com a sua oração e a sua bênção.